segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Livro viajante: "Vergonha", Salman Rushdie

Olá!

Hoje começando uma nova seção. 

a imagem não é minha. Foi obtida no google xD


       "Livros viajantes" foi uma ideia da Bia lançada no grupo de livros que fazemos parte no Whatsapp. A ideia é que cada um dos participantes escolhesse um livro que quer ler MAS somente irá ler por ultimo pois assim que compramos o livro já tínhamos que encaminhar para uma pessoa determinada. 
         
          A ordem de repasse de livros, para facilitar, foi a alfabética. Eu sempre recebo da Marcia e sempre envio para a Wanessa, e assim vai. 

         O grupo tem 9 pessoas e a primeira rodada iniciou na Bienal. Eu encaminhei o livro "Eu sou o mensageiro" e recebi "Vergonha".


           A regra é: temos que encaminhar o livro para o próximo leitor no dia 1º de cada mês, logo, temos menos de um mês para ler o livro. E a ideia é que façamos comentários no livro (sim gente, eu sei que doí escrever no livro mas daqui a mil anos quando pegar o meu e ver os comments sei que vou adorar). 

Explicada a brincadeira, vamos falar de "Vergonha" do Salman Rushdie. 


Sobre o autor e a escrita

        Salman Rushdie tem origem indiana mas estudou na Inglaterra. Começou a publicar livros em 1975 e recebeu vários prêmios. O estilo de escrita desse autor é bem diferente do que estamos acostumados pq além de ele misturar realidade com fantasia, a forma de narrar é bem... truncada mesmo. E não estou criticando isso (por mais dificil que pareça acreditar). Ele simplesmente lança informações esparsas e vai construindo a ideia e, quando vc se dá conta, esta entendendo o que ele esta falando. 

         No inicio da narrativa fiquei bem confusa para entender o que estava acontecendo mas quando você "pega o ritmo" de escrita a parada flui muito bem. A forma que ele escreve é diferente mas bem interessante e ele ainda critica TUDO sem parecer que esta criticando ;) Palmas ruidosas para ele por isso ^^ 

          Além disso, vira e mexe nesse livro o Autor antecipa algumas informações "do futuro", o que em alguns momentos instigava minha curiosidade mas em outros acabou não gerando nada quando finalmente cheguei naquele "momento" já aguardado. Essa técnica é arriscada e foi possível ver ela dar certo e falhar num mesmo livro (e olha que ele É um escritor muito habilidoso e experiente). 

Sobre os personagens: [CUIDADO! HÁ SPOILER!]

          A história se passa em algum lugar árabe mas o Autor não informa o nome do país nem o nome da maioria das cidades (que acredito que aqui seria a parte “real” da história). Sempre imaginava um lugar quente e úmido povoado por pessoas extremamente religiosas, pobres e sem instrução oprimidas por uma elite conservadora que se utiliza da religião para oprimir ( o Autor inclusive faz uma crítica no livro sobre isso... sensacional).

           São 6  personagens principais: Omar Khayyam, Bílquis, Raza, Isky, Rani e Sufia Zinobia. De acordo com a fase da história o Autor poderia ficar mais focado em um ou dois personagens.

              Não sei dizer qual foi meu personagem favorito pq todos eles tiveram fases. Mas acho que aquele que se manteve por mais tempo “bem cotado” foi o Raza.



******SPOILER ALERT*****



Não sei se foi intencional ou se aconteceu enquanto ele escrevia mas a impressão que dá é que o  Omar Khayyam, que seria o protagonista de acordo com o início da história, esteve apenas ali vivendo da vida das outras pessoas. Simplesmente tudo o que se passava na vida de Bílquis, Raza Hyder, Isky Harappa, Rani Harappa e a peculiar Sufia Zinobia era mais interessante do que o aconteceu na vida adulta de Omar :p



*******FIM DO SPOILER ALERT *******


Sobre a história:

     A história começa meio morta e meio chata. Existem 3 mulheres que sempre viveram enclausuradas e que se veem “livres” dessa vida quando o patriarca da família morre. Aí, elas dão uma festa de arromba que deixa a cidade “chocada”. 9 meses depois nasce uma criança. Que não se sabe quem é a mãe nem quem é o pai.

      O restante do livro se desenvolve conforme o envolvimento dessa criança com sua cidade e depois com o seu país.

        O que achei mais legal na construção da história e inserção desses personagens é que quando eles surgem você não faz IDEIA de pq eles estão aparecendo na história xD Então, se você é um leitor que esta meio impaciente com a forma narrativa – TENHA CALMA e continua a ler a porra do livro ^^ Vale a pena!


        E você já esta aí se perguntando se eu recomendo ou não (a opinião sobre os livros do “Livro Viajante” vai ser mais extensa pq:
1º não tenho coragem de escrever muito no livro (desculpaaa genteee); e
2º pq quero poder discutir minha opinião depois com o pessoal do grupo e mesmo com leitores de fora.

     Como a proposta É FAZER COMENTÁRIOS nós acabamos prestando muito mais atenção a detalhes do que numa leitura comum então eu acabo tendo mais o que falar mesmo.

E eu recomendo. RECOMENDO de verdade! Não porque seja uma leitura mega agradável ou pq seja um livro maravilhoso. Recomendo pq é uma leitura que sai dos nossos padrões de leitura, emite crítica a regimes ditatoriais, envolvimento entre religião e Estado, opressão feminina e mesmo opressão social.

GENTE, quantos livros você leu por aí que mete o dedo na ferida? Que critica assim sem ser grosseiro, só expondo como esse tipo de coisa repercute na prática??

É verdade que adoro ficções fantasiosas e tal mas estou de saco cheio da mesmice. Triângulos amorosos, um menino ou menina especial. PARA! A vida não é só isso!

Esse livro trabalha com fantasia (pouco nesse conto), cria uma história com base na realidade. E acrescentou muita coisa para mim e achei que valeu muito a leitura!

Obrigada a Marcia por escolher esse livro para a nossa brincadeira!

Até o próximo livro viajante!

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